Nesta quinta edição do “Mozambique Fashion Week” artistas plásticos residentes em Maputo foram chamados a demonstrar as suas capacidades criativas, tendo como inspiração o desfile que decorria ao mesmo tempo em que iam dando vida às suas obras.
O primeiro a experimentar esta sensação foi António Horácio Sitóe, ou simplesmente Mufara, artista plástico que utiliza o barro e que considera esta uma oportunidade para “demonstrar a diversidade cultural de Moçambique. É uma primeira experiência que tem tudo para progredir e deveriam ser mais ratitas a passarem por este desafio”. Buscando inspiração nos modelos que iam desfilando na passerelle colocada no jardim da Fortaleza de Maputo, Mufara esculpiu uma peça que “retrata o dia-a-dia das mulheres moçambicanas, desde actividades como a moda, culinária, passando pelo carinho que dão aos seus filhos”.
Mufara é artista plástico há 11 anos e já participou em diversas exposições individuais e colectivas dentro e fora de Moçambique. Em 2008 venceu o prémio internacional das artes plásticas da Commonwealth o que lhe valeu uma estadia de seis meses na Austrália.
Na quarta noite do “Mozambique Fashion Week” foi a vez do artista plástico cubano Ulisses António Gomez Oviedo, que está radicado em Moçambique há 20 anos. Ulisses considerou ser um desafio interessante, pois “pintar perante a presença de muito público não é fácil por causa do barulho que perturba a concentração”.
Tal e qual Mufara, Ulisses Oviedo inspirou-se na mulher para pintar o seu quadro. “Combinei a vestes das modelos com a tinta de óleo, tendo como base as capulanas que elas vestiam, desenhei uma mulher aluada”, disse o artista plástico.
Quanto a ligação entre as artes plásticas e a moda, o artista cubano disse que tem “uma ligação natural, dado que a linguagem de criatividade é a mesma. Há cores nas artes plásticas e na moda, há desenho nas duas áreas, ou seja estas duas expressões culturais tem muito em comum.”
Durante as três horas em que durou o desfile na Estação principal dos Caminhos de Ferro de Moçambique, Ulisses ficou por ter minado o seu quadro, pois “não é fácil terminar uma tela numa única noite, por vezes são necessários dias para terminar uma obra”.
Alfredo Lituri