Pan-africano, ou simplesmente, inspiração africana, foi o tema escolhido pela DDB – organizadora do evento – para o encerramento da 6ª edição do Mozambique Fashion Week 2010, que no sábado terminou em Maputo.
Com o tema “Inspirado em África...inspirado em você”, o MFW tem vindo a apostar em padrões fortes e quentes – características do povo africano –, sem esquecer os tecidos tradicionais de cada país, com o objectivo de mostrar ao mundo o que de melhor se faz em Moçambique e em África.
Durante a 6ª edição, vários estilistas nacionais e internacionais, apresentaram colecções inspiradas na cultura africana e, no último dia do evento, os estilistas convidados não fugiram à regra.
Depois de passarem pela passerelle a vencedora young designer, Wacelia Zacarias e a estilista angolana, Carla Pinto, foi chegada a vez dos convidados exibirem as suas colecções.
Jackeline Kakesse, do Congo, foi a primeira estilista a apresentar a sua colecção inspirada nos padrões do seu país, onde o bordado não pode faltar em cada peça costurada. Da África Oriental, concretamente da Tanzânia, a moda veio das mãos do estilista Mustafa Hassalani, bem conhecido pelas suas túnicas e trajes tradicionais daquela região.
Para fugir à regra do tradicional e assumindo a elegância e a modernidade da mulher africana de hoje, os estilistas Chota Sulleman da Zâmbia, Nadir Tati de Angola, Craig Jacobs da África do Sul e Frank Osodi da Nigéria, apresentaram colecções que representam o glamour e a sensualidade da mulher africana.
As noites desta edição reservam-nos sempre uma surpresa e, desta vez, a surpresa esteve a cargo do estilista sul-africano, Hendrik Vermeulen.
Hendrik Vermeulen não poupou esforços para manter a fama que tem no mundo da moda, descrito como o melhor exemplo de jovens talentos na indústria da moda sul-africana, ao exibir uma colecção de vestidos de noivas e roupa de noite formal.
A 6ª edição do MFW, tal como acontece nas edições anteriores, esteve associada à luta contra o cancro da mama, onde peças, entre elas, vestidos, quadros e esculturas, serão leiloadas e, o valor arrecadado entregue à Associação Moçambicana da Luta Contra o Cancro da Mama.
SP (Texto) e Cristovão Araújo (Fotos)
SAPO MZ
+ Fotos Desfile Pan Africano
Nas passerelles transmite um ar sério e rígido – um verdadeiro rude boy -, mas fora dela é uma pessoa dócil e descontraida.
Nélson Comboio, de 23 anos de idade, é um dos modelos que integra o Mozambique Fashion Week, um evento de moda que encerrou este sábado na capital.
Nunca teve formação na área da moda, mas em pouco tempo saiu do anonimato para as passerelles sul-africanas. Foi graças a sua preseverança e fé que ganhou o prémio de Melhor Modelo Fotográfico 2009, no país onde o acolheu com carinho durante o tempo que lá esteve.
Sapo MZ: Quando surgiu o gosto pela moda?
Nélson Comboio: Sempre tive uma paixão pela moda, mas a minha experiência como modelo começou há um ano e meio. Estava a trabalhar num projecto na Beira, quando terminei abracei logo um outro que me fez viajar para África do Sul. Foi lá onde tudo começou, foi lá onde o bichinho da moda despertou.
Sapo MZ: Sempre quis ser modelo?
NC: A moda é a minha verdadeira paixão. Acho que nasci com a moda dentro de mim, não foi nada programado. Comecei como bailarino e, nessa altura, depois dei aulas dança na Escola Industrial. Após isso abracei vários projectos mas nenhum relacionado com a moda. Quando viajei para África do Sul a moda passou a fazer parte da minha vida. De uma forma geral a arte sempre fez parte de mim.
Sapo MZ: Sente-se realizado?
NC: Gosto do que faço e sei que sou bom nisso. Não preciso que ninguém me diga que sou bom, pois eu mesmo sei e afirmo (risos).
SAPO MZ: Como é ser modelo em Moçambique?
NC: Voltei para Moçambiquehá nove meses e o que pude ver até hoje, é que a moda ainda é algo para quem tem dinheiro, para quem pode, enquanto na África do Sul esse factor não conta. O que conta no mundo da moda naquele país é a presença, a postura, nem mesmo a beleza é importante. Mas mesmo com esses pequenos problemas, gosto de cá estar e gosto do meu trabalho. Apesar de continuar a trabalhar na África do Sul, aqui sinto-me muito bem.
SAPO MZ: O que mais o marcou desde que entrou no mundo da moda?
NC: Apesar de ser muito novo nesta área, muita coisa boa já me aconteceu. Primeiro foi o facto de, em pouco tempo, ter conquistado o mercado da moda sul-africana. Já desfilei em sete grandes passerelles sul-africanas. A outra coisa boa que me aconteceu foi o prémio que ganhei, na África do Sul, como o Melhor Modelos Fotográfico, um concurso organizado pela minha agência, onde centenas de modelos, na sua maioria brancos, faziam parte. Dos dois únicos negros ali presentes, sai vencedor. Isso sim, foi fantástico, e foi a partir daí que descobri que afinal tinha muito jeito para moda (risos).
SAPO MZ: O que lhe fez voltar para Moçambique?
NC: Voltei para dar continuidade à minha formação académica. Estou a tirar línguas e quero formar-me nessa área para poder contribuir um dia para a moda em Moçambique.
SAPO MZ: O que achou do Mozambique Fashion Week?
NC: É a primeira vez que participo como modelo no MFW e confesso que a experiência é boa. Estou a aprender muito e isso é bom para o meu currículo. Trabalhei também com o Feliciano da Camara na comemoração dos 10 anos de carreira dele e gostei da experiência.
Curiosidades:
Nelson Comboio não esconde a sua vaidade nem o gosto em cuidar da sua imagem. Considera-se muito impaciente e por isso irrita-se com muita facilidade.
O preto e o verde são as suas cores preferidas e sempre que pode não dispensa um bom prato europeu, de preferência francês ou italiano e, para completar o cardápio, uma boa comida japonesa.
O seu maior vício é o trabalho e não se imagina a viver sem trabalhar.
Uma viagem de sonho? Só se for em trabalho e, de preferência, na cidade de Londres, em Inglaterra.
Considera-se um rapaz feliz pois tudo o que faz é com muita fé, colocando Deus nas suas decisões.
SP
SAPO MZ
+ Fotos Nélson Comboio
Vivemos numa época onde a globalização ja é uma realidade. Os hábitos e costumes dos vários povos do mundo cruzam-se, deixando assim de existir, aos poucos, pessoas a viverem isoladamente. Assim como a língua, o desenvolvimento tecnológico, a cultura, entre outras coisas, que fazem parte da sociedade de hoje, a arte, sobretudo a moda, também ultrapassou fronteiras.
Estamos a falar do 5º dia do Mozambique Fashion Week, este que foi dedicado único e exclusivamente aos estilistas internacionais.
Países como Alemanha, Venezuela, Brasil e Argentina, juntaram-se a nós, nesta semana de moda na capital, para mostrar aos apreciadores de moda e ao público em geral, o que de melhor se faz lá fora e quais as tendências para o próximo ano.
A noite começou diferente, isto é, ao som do Samba. O estilista brasileiro, Luíz DeLaja, não poupou esforços para exibir uma colecção inspirada na sensualidade brasileira e nas várias partes do mundo. Roupa masculina e alguns modelos de rainhas do samba, foram as suas grandes apostas.
Depois do calor do Brasil, foi a vez da estilista italiana, Angela Corsani, apresentar a sua colecção de vestidos longos, práticos e elegantes. O seu forte consiste em trabalhar com tecidos como organza, tafetá, seda, mas aplicando sempre técnicas de costura artesanal contemporâneas.
Ainda vindo de terras italianas, passou pela passerelle o estilista italiano, Simone Mazulli. A seguir à Itália, fizemos uma viagem até Alemanha, com o estilista Kilian Kerner.
A noite fechou com o glamour da estilista venezuelana, Sorayma Terán, que apresentou uma colecção para ele e para ela. Roupas práticas mas com classe, foram as apostas desta estilista de alta-costura que terminou o seu desfile exibindo vestidos de noiva com os quais todas as mulheres sonham.
+ Fotos noite dos Internacionais
SP
SAPO MZ